O que é Transição Energética e por que ela precisa ser Justa?
A temática de transição energética tem se tornado cada vez mis comum nos debates políticos em todas as esferas de poder, inclusive a nível internacional. Na última COP (Conferência das Partes) esse assunto permeou todos os dias de debate, mas para entendermos melhor esse assunto, precisamos nos apropriar de alguns conceitos importantes. São eles:
ENERGIA
Na Física, é a capacidade de realizar trabalho, em outras palavras é a capacidade de realizar uma ação.
MATRIZ ENERGÉTICA
Conjunto de fontes de energia que movimentam diferentes setores da sociedade.
ENERGIA ELÉTRICA
É a capacidade de realizar uma ação usando corrente elétrica.
MATRIZ ELÉTRICA
Conjuntos de fontes que geram apenas energia elétrica.
FONTE DE ENERGIA
É um recurso que pode ser utilizado para geração de energia.
ENERGIA RENOVÁVEL
Energia gerada por fontes de energia que se renovam no ambiente.
TRANSIÇÃO ENERGÉTICA
A Transição Energética é um processo político, econômico e tecnológico que consiste da substituição da matriz energética de uma região determinada por outra matriz, composta por fontes diferentes. É um processo político, pois depende de um arcabouço legal (conjunto de regulamentações) que guie o poder público e o setor privado para os objetivos esperados. Apresenta-se como um processo tecnológico, uma vez que depende da inovação tecnológica para estabelecer novas fontes, novos procedimentos e aumentar a eficiência na geração de energia. E por fim, mas não menos importante, pode-se dizer que a transição energética é essencialmente um processo econômico, visto que tem como objetivo principal o aumento na eficiência energética.
Ao longo da história, a humanidade já passou por algumas transições, todas elas com o mesmo objetivo: aumentar a eficiência energética. Isso significa gerar mais energia consumindo menos recursos, aumentando a produção de diferentes processos e reduzindo custos no sistema. Hoje, a sociedade se depara com novos desafios. Além de pensar em aumento da eficiência energética, as organizações agora pensam em reduzir as emissões e minimizar impactos negativos no meio ambiente.
Com isso, nos colocamos em uma situação de transição energética de fontes não-renováveis, como o Petróleo e Carvão Mineral, também chamadas de fontes fósseis, que emitem muitos poluentes atmosféricos danosos pro ambiente e pra saúde pública, para um sistema com fontes que não emitem ou emitem poucas quantidades desses compostos. As fontes renováveis são muito importantes nesse planejamento, mas é preciso ainda que os processos políticos, econômicos e tecnológicos se alinhem em busca da maior eficiência energética, menor emissão de poluentes e garantia de segurança energética.
TRANSIÇÃO ENERGÉTICA JUSTA
O Brasil é um país em que a matriz elétrica é composta por fontes renováveis de forma surpreendente, o que o coloca em um patamar muito elevado em relação ao resto do mundo. Já a matriz energética ainda tem bastante participação de fontes não renováveis, por conta do uso de combustíveis fósseis em transporte, uso doméstico e processos industriais. Porém, quando esse assunto é debatido sob a ótica de comunidades tradicionais, povos originários e comunidades de baixa renda a situação fica mais complicada.
Os avanços da geração de energia renovável refletiram em diferentes conflitos socioambientais, uma vez que a forma em que esses empreendimentos foram instalados se deu de forma problemática, colocando em risco a subsistência de
diferentes comunidades. Com isso, é preciso pensar só na mudança de matriz, mas também na universalização do acesso à energia para todos os povos, de forma participativa e democrática, respeitando as características sociais dos territórios. Surge então, o movimento e o conceito de Transição Energética Justa.
Veja aqui, alguns exemplos de como energias renováveis e não-renováveis afetam a vida da população:
Em resumo, a Transição Energética Justa se estabelece como o processo de substituição da matriz energética por uma matriz mais renovável realizado de forma participativa, responsável e universal, pensando não só no aumento de eficiência e na descarbonização do setor energético, mas também no respeito aos territórios, às demandas populares, aos princípios de dignidade humana e no bem-viver.
Podemos ver que o processo de Transição Energética não é nem um pouco simples e muito menos rápido. O Brasil e o mundo ainda estão fortemente dependentes das fontes fósseis. Então, alterar a matriz energética depende de um Planejamento Estratégico intersetorial, multidisciplinar e participativo. Isso é muito importante para que o processo de transição não potencialize as desigualdades já existentes ou até criem novos conflitos e problemas sociais.